
Hoje, a tendência propõe que certas atividades sejam feitas diariamente com os alunos de todos os anos para desenvolver habilidades leitoras e escritoras. Entre elas, estão a leitura e escrita feita pelos próprios estudantes e pelo professor para a turma (enquanto eles não compreendem o sistema de escrita), as práticas de comunicação oral para aprender os gêneros do discurso e as atividades de análise e reflexão sobre a língua.

A leitura, coletiva e individualmente, em voz alta ou baixa, precisa fazer parte do cotidiano na sala. O mesmo deve acontecer com a escrita, no convívio com diferentes gêneros e propostas diretivas do professor. O propósito maior deve ser ver a linguagem como uma interação. O desenvolvimento da linguagem oral precisa ser trabalhado com exposições sobre um conteúdo, debates e argumentações, explanação sobre um tema lido ou leituras de poesias. O importante é oferecer oportunidades de fala, mostrando a adequação da língua a cada situação social de comunicação oral.
Quando se produz um texto, é preciso garantir as respostas a três condições didáticas: O que será escrito (ou qual o conteúdo e o gênero do texto)? Para quê (ou qual é sua função comunicativa)? Para quem (o destinatário)?
Uma boa proposta de texto precisa ter propósitos comunicativos claros! Trata-se, segundo os estudiosos, de garantir as chamadas condições didáticas da escrita: o que escrever? Para que escrever? E, finalmente, para quem escrever? Somente respondendo a essas perguntas é possível determinar como escrever (aqui entram os gêneros específicos: conto, fábula, receita, reportagem etc.).
Textos de tema livre costumam desconsiderar esses requisitos básicos. O resultado, quase sempre, é desastroso. Em seu livro Passado e Presente dos Verbos Ler e Escrever, a pesquisadora argentina Emilia Ferreiro demonstra claramente a diferença que uma boa proposta de escrita faz.
Essa clareza de propósitos precisa estar presente em todas as propostas de escrita. Mas há alternativas de trabalho que acentuam essas características. A principal delas é o projeto didático, uma modalidade organizativa composta de sequências e atividades que culminam num produto final com destinatário definido. "O projeto é a melhor forma de realizar o que os especialistas chamam de transposição didática dos usos sociais da escrita por colocar o aluno diante de uma prática que considera a função comunicativa da linguagem", diz Beatriz Gouveia,
pedagoga e formadora de professores do Instituto Avisa Lá, na capital paulista. Um exemplo ajuda a esclarecer do que estamos falando. Vamos supor que a intenção seja propor um projeto didático sobre a vida dos dinossauros para alunos de 4º ou 5º ano. O produto final pode ser um livro, com uma coletânea de textos informativos, que ficará disponível na biblioteca da escola. Nesse caso, os propósitos didáticos - aprender a reconhecer e a produzir textos expositivos - e o propósito social ou comunicativo - produzir um livro sobre dinossauros para a consulta dos demais alunos - são do conhecimento de todos desde o início das atividades. Isso aumenta o entusiasmo para participar das tarefas. Quando sabem que aquela produção terá leitores reais, o empenho e o cuidado em todas as etapas da produção são redobrados. Outro aspecto que diferencia o projeto didático é a duração. De acordo com a quantidade de conteúdos, ele pode ser feito durante um bimestre ou um semestre, seguindo um planejamento detalhado das atividades: como serão feitas, quanto tempo levarão, qual a meta de cada uma e como serão avaliadas. Nos projetos de produção de texto, é essencial considerar que cada etapa deve conter práticas de leitura e escrita ou de análise e reflexão sobre a língua

0 comentários:
Postar um comentário